O novo shopper latino dá o ritmo do mercado de FMCG
Para o setor de produtos de grande consumo (FMCG) na América Latina, o terceiro trimestre de 2018 viu uma consolidação das tendências observadas no segundo trimestre quando, pela primeira vez em 10 anos, o consumo em volume não cresceu. O mercado contraiu-se pelo segundo trimestre consecutivo, com uma queda de volume de -1,6%. Isto foi impulsionado pelo Brasil e pelo México, os dois maiores mercados da região, ao mesmo tempo que a situação alarmante na Venezuela continuou, com uma queda de -19% em apenas um trimestre. O consumo de FMCG está crescendo em apenas três países – Chile, Colômbia e Bolívia – e mesmo lá o crescimento é apenas marginal.
Agora é certo que o ano encerrará com uma pequena, porém significativa, tendência negativa de volume de -0,8%, com os shoppers latino-americanos comprando menos produtos de FMCG no final de 2018 que no início. O Natal ainda está por vir, porém o consumo precisaria aumentar muito para compensar os declínios anteriores do ano.
As vendas totais em valor de FMCG em toda a América Latina ainda estão aumentando, com um crescimento anual de 2,6%; entretanto, isto ainda fica abaixo da taxa de inflação: em termos reais, os consumidores estão gastando menos, assim como comprando menos.
Apesar de o consumo estar desacelerando, a velocidade da mudança nos hábitos dos compradores, e também da estrutura do mercado de varejo, está acelerando.
Milhões de domicílios mudaram o modo que fazem compras, com a situação econômica determinando suas escolhas de marcas e canais. Estão abandonando canais, marcas e categorias para experimentar novas alternativas que satisfaçam suas necessidades e, ao mesmo tempo, lhes permitam economizar. Para controlar seus orçamentos, estão migrando de marcas premium para dar mais espaço em suas cestas a marcas próprias e econômicas.
O panorama de varejo também está mudando, com a chegada de novos formatos de atacado, desconto e e-commerce que oferecem preços mais em conta e melhor custo-benefício. A cada dia, lojas de descontos ‘inteligentes’ estão abrindo novos pontos de venda com áreas de vendas menores, oferecendo um sortimento limitado, porém variado, e uma melhor experiência de compra.
Diversos canais tradicionais também estão proliferando, tais como feiras livres no Chile e mercados no México, que ganharam popularidade entre os domicílios menos abastados.
Ainda há bolsões de crescimento na América Latina, porém eles mudaram. Marcas e canais estão conseguindo obter taxas de crescimento de dois dígitos aproveitando as oportunidades neste novo cenário, reconhecendo e satisfazendo as necessidades e características do novo shopper latino-americano.
Este ano foi uma história de ruptura: mudanças nos hábitos de consumo, mudanças nas estruturas de varejo e mudanças nas estratégias das marcas. Com as expectativas de crescimento do PIB da América Latina permanecendo em 2% para o ano, e o desemprego em 8,5%, mais alto que a média global de 5,5%, predizemos que esta tendência intensificará em 2019.