27% têm dificuldades em comprar bens essenciais
De acordo com o nosso estudo “Há luz nesta crise?” a crise não é sentida da mesma forma pelos lares portugueses. Assim, em função da avaliação que os lares fazem da forma como estão a sentir esta crise, segmentámos os lares portugueses em quatro clusters: os “Outsiders”, que representam 0.6% dos lares e “não sentem a crise e sentem que não precisam de economizar”; os “Interiores” que representam 16% dos lares “não sentem a crise de momento, mas economizam por precaução”; os “Urbanos”, que “sentem um pouco a crise e cuidam mais das despesas não essenciais”, representando 57% da população portuguesa e, por fim, os “Impactados” – 27% dos lares e que afirmam “sentir a crise e ter dificuldades em cobrir as necessidades essenciais”. Este último valor é superior aos 18% de pobres (limiar da pobreza) indicados pelo INE para 2011 e dá uma melhor ideia da dimensão e do impacto das presentes dificuldades.
O segundo maior grupo, os Impactados, são sobretudo compostos por casais com filhos, entre os 35 e os 49 anos, pertencem à classe média baixa. Este segmento em 2011 representava 22% da população portuguesa. Têm grande preferência pelas Marcas da Distribuição (MDD’s), já que a quota de valor que gastam nas MDD’s é bastante superior à média do total nacional – 43% vs. 38%. Particularmente neste grupo o consumo de refrigerantes, leite especial, leite de soja, molhos refrigerados e café solúvel desceu bastante, face ao ano de 2011.
O maior grupo, os Urbanos, vivem, sobretudo nas grandes metrópoles, pertencem à classe alta e média e são ativos. Já fizeram um ajustamento no consumo FMCG, sendo que o novo padrão de consumo está focado nos produtos alimentares frescos ou take away, para reforçar o consumo em casa. Reduz nos refrigerantes e iogurtes e em todos os outros produtos que não considera essências. Compram, sobretudo, marcas de fabricantes, embora o valor que gastam em MDD esteja muito próximo da média nacional (37%).
O grupo “Interiores” corresponde sobretudo a lares residentes no Interior do país, compostos entre uma a duas pessoas e são, em grande parte, reformados. Este grupo, em 2011 representava 20.5% dos lares portugueses e tinha outra composição mais heterogénea. Hoje, de todos os grupos, são os mais marquistas. O valor que gastam em MDD está abaixo da média nacional (34%).
Apesar das diferenças entre os vários grupos, fica claro que está a desenhar-se um novo padrão de consumo para o conjunto dos lares de Portugal Continental, que é mais contido, refletido e racional, e que poderá ser considerado o “novo normal”, que irá vigorar nos próximos anos. Este novo padrão de consumo traduz-se na procura sistemática de opções mais em conta, em mais consumo alimentar em casa, sobretudo, escolhendo produtos frescos, para na redução de categorias menos essenciais.
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Marta Santos
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