Ocasiões e volume ajuda crescimento de snacks e bebidas
A contribuição de snacks e bebidas não-alcoólicas fora de casa (OOH) para os respetivos mercados globais continua a aumentar – com uma quota de 38% no primeiro trimestre de 2024, acima dos 36% no mesmo trimestre de 2023 e 34% em 2022. Isto aproxima a proporção 60/40 observada antes da pandemia.
O crescimento dos gastos em snacks e bebidas OOH atingiu 14% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o último Barómetro OOH da Kantar, Worldpanel Division. Este valor representa um crescimento significativamente mais rápido do que em In-home (3%), sublinhando a importância das vendas OOH para a força do setor como um todo. A Índia foi o país com melhor desempenho, com o OOH a aumentar a sua quota de mercado de 66% para 71% no último ano, impulsionado por um enorme aumento de 44% nos gastos.
As trajetórias de recuperação variam consoante os mercados, com os países abrangidos pelo Barómetro a dividirem-se em dois campos. O crescimento dos gastos em OOH está a superar o de take-home na Índia, no Brasil, no Reino Unido, em França e na China Continental. Apenas Espanha, Portugal e a Tailândia contrariam a tendência: isto deve-se muito provavelmente ao facto de o hábito de consumo de OOH já estar bem desenvolvido nestes mercados.
O impacto da inflação diminui
Em 2023, a maior parte do crescimento em valor dos snacks e bebidas comprados para consumir em casa podia ser explicado pela subida dos preços. Este já não é o caso em 2024, com a inflação a ter menos efeito tanto em casa como em fora de casa – onde o impacto foi sempre menor.
À medida que a inflação vai diminuindo, pode-se ver claramente que o aumento em valor no OOH é natural e orgânico, impulsionado pelas pessoas que compram pequenos snacks e bebidas com mais frequência para consumir fora de casa. Os consumidores fizeram mais 9% de ocasiões no primeiro trimestre de 2024 do que no mesmo período do ano passado, enquanto o volume aumentou 3%. Paralelamente, o preço por unidade aumentou 2% em termos anuais – um abrandamento acentuado em comparação com o aumento de 5% no 1º trimestre de 2023.
Cafés, canais de impulso e distribuição moderna impulsionam a recuperação
O panorama dos canais está a regressar ao que se pode chamar de “normal”, se nos referirmos à imagem que existia antes da pandemia, embora seja provável que alguns comportamentos tenham sido alterados para sempre. Nos últimos dois anos, a quota em valor proveniente das vendas de snacks e bebidas para casa – que aumentou durante a COVID-19 – reduziu de 66,3% para 62,3%.
Os que mais beneficiaram da recuperação foram os cafés e as padarias, os canais de impulso e a distribuição moderna – hipermercados, supermercados e discounters. O maior aumento de quota registou-se nos bares, cafés e cafetarias, com um crescimento de 1,2%. Este facto realça a importância crescente de garantir que os snacks e as bebidas para consumo imediato estão presentes e disponíveis em todo o lado, incluindo nas mercearias.
Os snacks salgados e as bolachas crescem mais rapidamente
O crescimento em valor do OOH é agora mais rápido nos snacks do que nas bebidas ou refeições em restaurantes e cafés, devido ao aumento da popularidade da compra de refeições para comer on-the-go. Os grandes vencedores no início de 2024 foram as categorias de snacks salgados e bolachas, com um crescimento nos gastos em OOH de 19% e 15%, respetivamente.
Esta evolução não foi feita à custa das compras para casa; é adicional e incremental, impulsionando o sucesso de toda a categoria de snacks.
O caso de amor da Índia com os snacks
A Índia (+64%) e o Reino Unido (+32%) são os principais catalisadores do crescimento do OOH em snacks salgados. Na Índia, os hábitos de petiscar, desenvolvidos durante a pandemia tornaram-se uma nova parte da vida quotidiana.
Em todos os mercados, o comércio tradicional registou o maior aumento nos gastos nesta categoria, passando de uma quota de 31% do valor no primeiro trimestre de 2023 para 35% em 2024 – tirando um pedaço da quota detida pelas lojas de conveniência e pela distribuição moderna.
À medida que os consumidores continuam a regressar ao hábito de petiscar e beber quando estão fora de casa, o mercado continuará a crescer em valor, apesar do abrandamento da inflação. As marcas e os retalhistas devem seguir de perto os comportamentos de compra dos consumidores à medida que estes evoluem e orientar as suas estratégias para as ocasiões e necessidades certas, a fim de aumentar o volume e a frequência.
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Andreia Carvalho
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