Para mim, ? um caf? pingado com bebida de Aveia!
Artigo original publicado na Hipersuper
Basta fazermos uma breve pesquisa numa loja online ou visitarmos os lineares de um supermercado para perceber que as bebidas vegetais têm ganho cada vez mais importância e espaço. Existe, neste momento, uma lista quase infindável de opções, com o surgimento de novas variedades, sabores, versões com menos açúcar, com adição de cálcio e vitaminas, opções biológicas, formatos maiores, mas também formatos mais portáteis e agora a mais recente chegada ao canal HORECA. As bebidas vegetais estão imparáveis.
Comparando o primeiro semestre de 2021 com o mesmo período, pré-pandémico, de 2019 verifica-se que a categoria de bebidas vegetais sai reforçada tanto no número de compradores (mais 205 mil), como em frequência de compra e no volume comprado por ocasião, crescendo 4% e 3%, respetivamente.
No início do ano de 2021, a categoria de Bebidas Vegetais cresce a dois dígitos, tanto em volume como em valor. Assim como outras categorias do FMCG, Bebidas Vegetais saiu beneficiada pelo maior consumo dentro do lar, sendo das categorias que mais cresceu em volume (+40%) no primeiro semestre do ano.
No primeiro trimestre do ano, a categoria cresceu via recrutamento de lares compradores, cestas maiores e mais regulares. Já no segundo trimestre do ano, com o aliviar das restrições, assistiu-se a uma clara retoma do consumo fora de casa, que significou uma redução do consumo dentro do lar.
Deste modo, as Bebidas Vegetais não foram exceção e também foram impactadas, registando uma ligeira quebra no segundo trimestre do ano, face ao primeiro trimestre. O recrutamento de compradores e a frequência de compra foram os indicadores que mantiveram a categoria em terreno positivo neste trimestre.
O valor gasto por ocasião de compra tem sido o indicador que desde outubro de 2019 tem ficado aquém, estando em contraciclo com os restantes. As marcas de distribuição (MDD) têm apostado bastante nesta categoria, quer seja com inovação, mudanças de imagem e até novos posicionamentos.
As MDD foram, de longe, as que mais contribuíram para o crescimento da categoria, registando um crescimento no primeiro semestre do ano em volume de 34%, face ao período homólogo. Já as marcas de fabricantes registaram um crescimento de 14%. A aposta em versões biológicas, zero açúcares, bem como em frutos secos diferenciadores, como é o caso da Noz, aliado a preços altamente atrativos, têm respondido às necessidades dos shoppers, justificando assim a performance tão positiva das MDD.
As bebidas vegetais são consumidas maioritariamente ao pequeno-almoço, quer seja com cereais, granola, misturada com café, entre muitas outras opções. Este momento de consumo tem sido rei para a categoria e a sua importância aumentou no primeiro semestre do ano, representando +3,7pp face ao período homólogo. Contudo, no primeiro semestre do ano, outros momentos de consumo têm ganho relevância para a categoria. As bebidas vegetais são muito versáteis, podendo ser consumidos sem outro produto, adicionadas a outras bebidas, mas também podendo ser utilizadas para confecionar receitas salgadas e doces, sendo uma clara oportunidade para as marcas desenvolverem.
Ser saudável continua ser o motivo número um para o consumo de Bebidas Vegetais, no entanto, muita tinta tem corrido sobre este tema, uma vez que algumas versões contêm bastante açúcar, não são uma fonte tão rica em proteína e cálcio como o leite, entre outras razões. Não é uma novidade que o consumidor está mais informado, por isso a par de todas os conhecimentos que vão surgindo, as marcas, tanto de distribuição como de fabricantes, têm investido em versões com mais proteína, como é o caso da ervilha, na redução de açúcar, mas também na adição de vitaminas, cálcio e ferro que completam estas bebidas e respondem às necessidades dos consumidores.
Apesar da principal razão do consumo das bebidas vegetais ser o facto de ser percecionada como saudável, este motivo tem perdido peso em detrimento de “Gosto do Sabor”, apelando a um momento de prazer em que ser só saudável não chega, tem de ser saboroso.
Em Portugal, apenas cerca de 30% dos lares portugueses compraram bebidas vegetais no primeiro semestre do ano, existindo ainda uma grande oportunidade para chegar à restante população. Mas a questão para um milhão de euros é: como atrair estes não compradores para a categoria? A principal barreira, em comparação com o leite, é a textura e o sabor das Bebidas Vegetais, que ainda não convencem alguns lares. A aposta passa assim pelo desenvolvimento deste dois fatores para poder chegar a mais consumidores. Um bom exemplo de uma resposta a este tema foi dada pela marca de distribuição do Continente que optou por uma mensagem clara e de transparência, indicando nas diferentes variedades as características relativamente à textura e ao sabor das mesmas.
Analisando as diferentes variedades, a bebida de soja continua a ser a mais comprada pelos lares, muito pelo facto de ter sido a pioneira nesta categoria, ao seu teor proteico mais elevado, sendo, a bebida vegetal mais comparável ao leite e, por fim, mas não menos importante o preço, bastante atrativo em comparação com as restantes variedades.
Mas afinal quem é o shopper de Bebidas Vegetais? Existe uma maior afinidade com casais com filhos pequenos e crescidos, mas também com jovens independentes sem filhos, havendo ainda oportunidades a explorar em diferentes tipologias de famílias. Em relação à classe social e região, é a classe média a mais desenvolvida nesta categoria, com predominância de lares do Sul.
De forma geral, as insígnias crescem nesta categoria, mas é o Aldi que regista o maior dinamismo no primeiro semestre do ano, seguido do canal Online e da Jerónimo Martins. Produtos biológicos, com opções vegetarianas e vegan, aliados a um preço baixo tem sido o mote do Aldi e a performance da categoria de Bebidas Vegetais reflete esta tendência.
A sustentabilidade anda de mãos dados com as opções vegetais, existindo já no mercado algumas que são boas para o nosso corpo, mas também para o meio ambiente. Produções biológicas, neutras de carbono, utilizando produtos locais como é o caso da Alfarroba e bebidas vegetais em frasco de vidro. As opções têm surgido, mas ainda há muito a fazer como, por exemplo, a sensibilização e educação do consumidor para práticas cada vez mais sustentáveis.
Em jeito de conclusão, ser apenas uma opção vegetal não é suficiente para o comprador, que em cada gole ou colherada procura neste tipo de produtos mais benefícios e que sejam funcionais. A inovação nas Bebidas Vegetais, assim como noutras categorias com presença de opções vegetais, estão longe de terminar com as marcas à procura de diferentes formas de ultrapassar a questão nutricional, do sabor e da textura. Em relação às cenas dos episódios, já sabemos que o segundo trimestre do ano foi marcado por períodos de ajustamento, fruto da recuperação do consumo fora de casa. Será que vamos voltar a fazer o pequeno-almoço e momentos de snacking fora de casa, deixando o consumo dentro de casa de ser uma prioridade?
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Andreia Carvalho
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