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Conservando-se no tempo

13/12/2022

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Conservando-se no tempo

Artigo original publicado na Grande Consumo

O aumento da procura por produtos mais frescos, menos processados e com menos conservantes, veio pôr em causa uma das categorias mais maduras dos bens de consumo em Portugal: as Conservas. Há décadas a ser considerado um produto fiável pela esmagadora maioria dos portugueses, um prático, barato, de longa duração, as conservas foram agitadas pela crescente preocupação dos portugueses em terem uma vida mais saudável. Já não chega ser um produto conveniente, os consumidores exigem cada vez mais qualidade nas suas escolhas alimentares.  

Desde 2019,18 mil lares deixaram de comprar produtos em conserva, mas existem sinais de esperança para o futuro.

No caso das conservas de peixe, os compradores afastam-se das opções mais calóricas/menos saudáveis como a conservação em azeite e em óleo, aproximando-se do atum ao natural. Este modo de conserva capta não só compradores, mas também mais gasto por cada ato de compra, tentando levar a categoria num sentido de valorizaçãoDe salientar, que apesar de toda a inovação que existiu nos últimos anos a nível de sabores/espécies de peixe, esta ainda não está refletida numa maior aproximação ao consumidor. O atum continua a ser líder no segmento e a ser o driver nas mudanças de comportamento de compra. Mesmo com a aposta em inovação, as conservas de peixe perderam compradores nos últimos anos, entrando em 83,2% dos lares portugueses em 2022 (considerando até 19 de Junho). 

Neste segmento há um claro afastamento da embalagem standard de 120g. Os consumidores procuram embalagens maiores nesta categoria. No entanto, há uma contração do volume comprado em cada ida à loja. Como os portugueses compram mais do que uma unidade de cada vez, a compra de embalagens maiores não significa diretamente uma maior quantidade comprada, porque há uma redução do número de unidades. 

De salientar que, apesar do afastamento ao consumidoras conservas de peixe têm conseguido ao longo do tempo tornar-se mais versáteis em termos de utilização. As receitas com conservas de peixe ficaram mais complexas desde 2019. Se olharmos para o tempo passado a confecionar uma refeição com este tipo de produtos verifica-se que as refeições abaixo de 20 minutos caíram 27%, valendo agora menos 8% do total dos momentos de consumoIsto significa que os portugueses fazem agora pratos mais complexos com conservas de peixe, ainda que o hábito seja o motivo de consumo que mais cresce e a praticidade continue a ser apontada como o principal motivo para a escolha. 

As conservas de legumes são as mais transversais da categoria, sendo que em 2022 já foram compradas por 88,8% dos lares portugueses, mesmo tendo perdido compradores nos últimos anos. 

As leguminosas continuam a ser o foco da categoria, chegando a mais lares que as restantes variedades, sendo compradas mais vezes e por consequência representando o maior gasto por lar dentro do segmento. Interessante que, considerando que há retalhistas que vendem apenas leguminosas em vidro, a lata tem vindo a perder compradores e o vidro tenha conquistado. Dentro das próprias leguminosas há no entanto um afastamento dos compradores das variedades: tanto o grão como o feijão perderam compradores nos últimos anos. 

Também os cogumelos que representam o maior gasto por cesta do segmento, talvez motivado pela disponibilidade crescente de cogumelos frescos, perdem compradorese: são comprados menos vezes vs 2019. 

Já o milho, as azeitonas e o tomate aproximam-se dos consumidores portugueses nos últimos anos. As azeitonas têm sido abrangidas dentro do marketing positivo como uma opção saudável, natural, livre de gorduras e calorias indesejadas, o que levou também a um aumento de sortido disponível e ajudou a variedade a desenvolver-se no mercado. 

À semelhança do que vimos acontecer nas conservas de peixe, também no segmento de carne houve um esforço por parte das marcas para oferecer alternativas mais saudáveis aos compradores: reduzindo sal, reduzindo gordura, mudando para carnes brancas, ou mesmo substituindo por outra base que não a carne. Este esforço vê-se recompensado no ligeiro ganho de compradores para o segmento. Apesar de não ser tão abrangente como as opções de peixe, este tipo de produtos foram comprados por 64,1% dos lares portugueses em 2022. 

Na procura pela opção mais saudável de utilizar as conservas de carne, a confeção frita vale em 2022 menos 9% do total de ocasiões de consumo do que em 2019. 

Os lares com crianças até aos 15 anos continuam a ser o target que mais se destaca na compra de conservas de carne. Contudo são os lares sem crianças que se reaproximam da categoria, cativados por mais opções disponíveis. Os momentos de consumo por pessoas acima de 35 anos cresceram 37% desde 2019 vs um crescimento de apenas 18% das ocasiões para o segmento.

Este acaba por ser o segmento com o consumidor mais jovem na categoria. Conservas de peixe e legumes são consumidos por pessoas acima dos 35 anos em mais de 70% das ocasiões, um número que cresceu desde 2019 e é acima do peso em FMCG. 

Para último, ficou o segmento de Frutas, que por serem conservadas em calda, afastam compradores que não conseguem obter uma versão menos calórica/mais natural do produto. O segmento está a ser abandonado pelos portugueses e nem os confinamentos da pandemia conseguiram ajudar a manter ou potenciarcompradores. 

Apesar do afastamento de alguns compradores, as Conservas continuam a ser uma categoria abrangente, e cada vez mais versátil, sendo que é essa variedade adicional que está a ajudar a reaproximar alguns targets e a entrar em mais momentos de consumo. 

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Marta Santos
Clients & Analytics Director

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