Covid-19 e a nova rotina de compra dos portugueses
No mais recente estudo Kantar de acompanhamento da opinião dos portugueses sobre a crise provocada pelo Covid-19, aplicado entre os dias 27 e 30 de março de 2020, o número de pessoas que afirma uma elevada preocupação com a pandemia subiu de 81 para 90% (% de respostas com a classificação de 8 ou mais, numa escala de 0 a 10). Este aumento de preocupação com a atual crise não se deve tanto ao possível contágio ou à compra de máscaras e desinfetantes, mas sim com:
- Impacto negativo na economia (68%, mais 12pp vs a primeira vaga)
- Possível colapso da segurança social (34%, +9pp vs a primeira vaga)
- Perda de emprego (20%, +10pp vs a primeira vaga).
Semanas de 22 de março a 05 de abril: surgimento de uma nova rotina de compra, a de contingência
Esta nova rotina rege-se pelo princípio da contingência, que implica ir às compras o menor número de vezes possível (no dia 5 abril foi atingido um novo valor mínimo anual) e levar uma maior quantidade de produtos por cesta (registando o seu máximo de 2020 no dia 4 de abril), que evite a repetição da compra num curto espaço de tempo.
Estas foram as semanas em que abrandou a compra de produtos de higiene e limpeza e em que existiu uma maior dedicação do orçamento familiar ao abastecimento alimentar. As visitas nesta quarta e quinta semanas de período Covid-19, comparando com as três semanas anteriores, destacaram-se mais pela compra de produtos que permitam uma dose extra de prazer e conforto. Numa altura em que estamos privados de momentos de lazer e de socialização no exterior, ganham um particular destaque os doces e produtos para se confecionarem doces, assim como as bebidas alcoólicas, mas também alimentação congelada, desde a carne congelada até às refeições prontas congeladas.
A importância de medir o impacto do armazenamento e do canal Online
Relativamente ao armazenamento, analisando individualmente 26 setores de produtos de FMCG, a maioria de portugueses não planeia alterar a quantidade de compra, afirmando mesmo manter o número de produtos (62,4% em média) ou não comprar produtos que antes não o planeavam fazer (10,2%). Porém existem categorias onde se destaca a intenção do aumento de procura acima da média dos restantes, nomeadamente, os produtos para a limpeza das mãos, alimentos em conserva, fruta fresca, vegetais, massa, arroz, leite, pão, carne e peixe congelados e também café e chá.
No extremo oposto, dos produtos em que se planeia uma redução da compra estão alguns dos que registaram maior compra na quarta e quinta semana, como os doces, bolos, bolachas e as bebidas com álcool. Além destes, as batatas, snacks e frutos secos, produtos de hidratação corporal/cremes de beleza, maquilhagem e fragrâncias, também podem esperar uma diminuição na procura nesta fase.
Em relação à procura pelo canal Online, que até ao dia 20 de março 10% dos portugueses já afirmavam estar a comprar mais neste canal, revela agora uma intenção de aumento de compra por parte de 17%, quando se fala em produtos alimentares.
Quais as expetativas dos consumidores em relação ao regresso à normalidade?
Apenas 13,5% dos consumidores se encontram mais otimistas e acreditam que até ao fim de abril se atinja uma nova normalidade de recuperação da rotina de vida, sendo que uma fatia importante, 38,9% dos portugueses, não acredita que a sua vida volte à normalidade até ao final do verão.
Muito importante e a ter em conta é o impacto desta pandemia na disponibilidade orçamental das famílias, já que na mais recente vaga do estudo, 18% dos portugueses ativos antes da epidemia afirmavam já ter perdido o emprego temporariamente.
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