O“amigo fiel”, indispensável na mesa dos portugueses
Rico em Ómega 3 e Vitaminas A, D e B12, devido aos métodos como é processada a salga, um dos mais antigos métodos de conservação de alimentos, o bacalhau tem benefícios para a saúde, para além do seu agradável sabor, sendo o seu conteúdo nutricional mais elevado que o de um peixe fresco.
Denominado no passado de “fiel amigo” devido a resistir sem se deteriorar por longos períodos de tempo, o bacalhau devido à consistência e sabor da sua “carne” chega à nossa mesa através dos mais diversos modos de preparação já que os nossos antepassados nos ensinaram como aproveitar as várias partes deste peixe salgado. Desde as línguas, a bochechas, badanas/abas, passando pelas postas e lombos, as diferentes formas de corte servem de base a mil e uma receitas. Mas é sob a forma de cozido que o bacalhau é mais apreciado, 33% das ocasiões de consumo das famílias portuguesas que consomem bacalhau é sob a forma de cozido e fazem-no em média uma vez por semana, segundo o estudo Painel de Consumo da Kantar.
No entanto é na época Natalícia que o bacalhau tem o seu momento alto na mesa dos portugueses. Entre novembro e dezembro, 65% dos lares portugueses compra Bacalhau seco/salgado ou congelado, representando estas vendas cerca de 30% do total volume vendido de bacalhau para dentro do lar num ano, com o bacalhau seco a representar 89%. Devido à forte ligação dos portugueses com o bacalhau, as promoções não trazem benefício à categoria, com mais de 80% do volume comprado sem ser em promoção. O gap do volume comprado com promoção, tende a reduzir entre o que é o pico alto, período entre novembro e dezembro, face às promoções entre janeiro e outubro.
Até ao final de novembro de 2019, 86% dos lares portugueses comprou pelo menos uma vez bacalhau, realizou em média cinco compras (uma compra a cada 63 dias), gastou +0.4% vs período homólogo, mas comprou -4% em volume. Em média, o consumo per capita de bacalhau é cerca de 4kgs (média de 2,6 pessoas por lar segundo o INE) e o gasto médio por cesta ronda os 25€.
O Bacalhau Seco/Salgado domina e faz a tendência do mercado, mas tem vindo a ceder algum espaço para o bacalhau congelado. Numa época em que a conveniência é uma procura constante – segundo o estudo Lifestyles 2019 da Kantar, 60% dos lares portugueses afirma “dar preferência a um produto que ofereça rapidez e facilidade de preparação” – o segmento congelado tem vindo a conquistar os compradores da categoria, principalmente os mais jovens, 13% dos lares compradores de bacalhau congelado tem até 34 anos, +30% quando comparando com os compradores de seco/salgado, que se destacam nos lares com 65 anos e mais, target que afirma “ter tempo para cozinhar” (76%, segundo o estudo Lifestyles 2019 da Kantar).
Chegando a 42% de lares compradores até final de novembro de 2019, o bacalhau congelado tem vindo a ganhar consistentemente novos compradores, +5pp vs o mesmo período de 2015. Em volume cresce 9% vs final de novembro de 2018, enquanto o bacalhau seco/salgado cai 3%, que apresenta também uma redução em compradores.
Dentro do bacalhau seco/salgado, o de origem na Noruega é aquele que se destaca na cesta, representando 58% do volume total de Bacalhau seco/salgado e está presente em 59% dos lares compradores do segmento seco, esta variedade tem sido a mais dinâmica, tendo vindo a “roubar” cada vez mais espaço a origens não conhecidas e/ou não identificadas do comprador. O comprador de bacalhau de bacalhau está cada vez mais informado e disposto a adquirir um produto de pesca sustentável. 66% dos lares afirma estar preocupado com o meio ambiente, segundo o Lifestyles Kantar 2019, e para este facto muito tem contribuído a comunicação quer da distribuição moderna, quer de produtores, nos últimos tempos.
Quando falamos do bacalhau seco/salgado, segundo a sua dimensão, os portugueses elegem principalmente o Crescido (1 a 2kg), comprado por 36% dos lares portugueses e absorvendo a maior fatia de volume. Seco/salgado é a única variedade em crescimento (+9%) em relação ao final de novembro de 2019, mas na época natalícia a tradição dita outras tendências e Especial ganha relevância na cesta.
Com um preço médio 25% mais dispendioso que a média das variedades, Especial é o escolhido para manter a tradição do “fiel amigo” à mesa dos portugueses na Noite de Natal. Uma tradição que apesar das novas tendências de conveniência e previsões do declínio da espécie devido a uma pesca intensiva, não mostra sinais evidentes de afastamento do consumidor português, pelo que se crê que a tradição se manterá nas próximas gerações.