Snacking: a grandeza dos pequenos momentos
O momento de consumo “Snacking”, caracterizado pelos intervalos entre as principais refeições, tem sido alvo de discussão sobre a sua importância para a nossa saúde e de que forma se enquadra em regimes alimentares de dietas específicas, como aumento ou perda de peso. Certo é que é são momentos de consumo a ganhar relevo no planeamento das marcas nos últimos anos e uma forma de gerar consumo adicional, que apesar de crescer em dietas estruturadas, continuam a ser mais guiados pela sua maior espontaneidade. Para percebermos melhor a importância do snacking, iremos dissecar nos próximos parágrafos os porquês e as principais mudanças deste tipo de consumo entre os portugueses.
A importância dos ciclos diários de consumo
A primeira consideração a ter, antes de respondermos a qualquer questão relacionada com os momentos de consumo de snacking, é que estes variam bastante no plano do tempo e do espaço físico. Na maioria das rotinas dos portugueses este tipo de consumo divide-se em três grandes momentos: meio da manhã, meio da tarde e depois de jantar; variando consoante o local de consumo: se dentro ou fora de casa. Num dia típico português o pequeno-almoço é tomado em casa, do meio da manhã, passando pelo almoço, até ao meio da tarde, estamos sobretudo a consumir fora de casa, regressando ao conforto do lar para jantar. O pós-jantar divide-se bastante entre o consumo dentro e fora de portas. E porque é tão importante ter este ciclo em mente? Porque faz variar fortemente o que consumimos e porque consumimos.
O snacking dentro de casa
Dentro de casa, do total dos seis momentos de consumo acima mencionados, os três relativos a snacking representam 23% da totalidade de ocasiões de consumo, sendo que este número se mantém estável ao longo dos últimos anos. Quando o consumo de snacking ocorre dentro de casa, o consumidor procura uma mescla de saúde, conveniência e prazer. Parece confuso ou até mesmo contraditório, mas há que ir para além da superfície para encontrar respostas mais concretas. Desta forma, se de manhã são procurados produtos mais voltados para a saúde e conveniência, como as frutas e iogurtes, à tarde a saúde abre espaço para a conveniência e prazer, como o pão as tostas e os bolos, à noite este passa a ser completamente focado no consumo por prazer, como os gelados e os snacks salgados. O target de consumo nos momentos de snacking dentro de casa também é substancialmente mais sénior que fora de casa e, como a Kantar já revelou noutras análises, sendo um grupo de consumidores bastante numeroso, tem grandes diferenças entre si, o que faz com que o mesmo produto seja utilizado para vários momentos com diferentes tipo de perceção. Outro facto curioso sobre estes momentos de consumo é que as marcas de fabricante são consumidas 16% acima das grandes refeições.
O snacking fora de casa
Fora de casa os momentos de snacking são bem mais comuns do que dentro, representando 56% de todas as ocasiões de consumo que fazemos neste espaço e analisando a sua evolução nos últimos anos, verificamos que face a 2016 este número aumentou 6pp. Também se dentro de casa existe uma maior complexidade motivacional, quando ocorre fora de casa o snacking é consumido por sabor ou prazer em 7 de cada 10 vezes. Porém, uma vez mais, fixarmo-nos apenas neste dado não é suficiente para escortinar todo o potencial deste momento de consumo. A saúde é o motivo de consumo que mais tem crescido no ambiente fora de casa e apesar de em média surgir em 8% destes momentos, a realidade é que a sua ascensão tem sido vertiginosa, valendo atualmente mais 47% do que em 2016. Este aumento deve-se sobretudo ao maior consumo de água, sumos naturais e consumo de produtos lácteos.
Impacto da pandemia do Covid-19 na rotina de snacking
Os últimos meses colocaram à prova a rotina do portugueses em relação ao consumo de produtos FMCG e, apesar de ainda ser prematuro fazer previsões da forma como se irá reatar o consumo após todas as medidas impostas serem completamente levantadas, alguma pistas ajudam-nos a perceber quais os hábitos que poderão ter maior dificuldade em serem retomados. Se olharmos para o ambiente dentro de casa, que absorveu a grande parte dos momentos de consumo que estavam a ser realizados fora, sobretudo os de snacking, conseguimos perceber que estes podem ser os primeiros a serem reavidos pelo consumo fora de casa. Face ao número de ocasiões de consumo pré-Covid os momentos de snacking já recuperaram após o início do estado de calamidade 42% destas ocasiões, enquanto as refeições principais apenas 32%.
Momento, espaço e consumidor-alvo
São estes os três grandes pilares de uma estratégia direcionada para os momentos de consumo de snacking que, não deixando de reconhecer o potencial no consumo feito dentro de casa, é no ambiente fora do lar que atualmente existe maior potencial para serem explorados, seja ao nível de produto e target, como também numa maior panóplia de locais de consumo que este espaço pode oferecer, tendo em conta que este tipo de consumo continua a ser bastante ligado ao impulso. Estar no momento certo no local mais adequado, revela-se ainda mais determinante.
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